o Perigo Nuclear
O PERIGO NUCLEAR
A coluna Ética e Cidadania programou para as primeiras edições do Realengo em Pauta tópicos relacionados com a municipalidade. Pretendemos tratar aqui questões como lixo, água, transporte e meio ambiente. Nesta edição poderíamos até retratar a tragédia da E.M. Tasso da Silveira. Mas vamos falar sobre um assunto mundial que pode um dia ter acontecimento aqui e gerar uma tragédia sem precedentes.
Acompanhamos pelos meios de comunicação a tragédia no Japão. Um País preparado e acostumado a terremotos devido à sua posição geográfica. A sabedoria milenar desse povo se organizou para enfrentar os desastres ambientais e tinha se saído muito bem até então. Os acontecimentos de 11 de março, quando o Japão foi sacudido por um terremoto e um tsunâmi, demonstraram que as nuances dos chamados acidentes naturais estão alcançando níveis elevados e provocou um risco maior. O acidente nuclear de Fukushima, um complexo de usinas nucleares que ruiu após o tsunâmi e os abalos sísmicos, com a explosão de reatores e vazamentos de água radioativa e que chegam agora (em 10 de abril) a classificação 7 (sete), a mesma de Chernobyl (Ucrânia -1986). Nossos olhos se voltam para Angra dos Reis, cidade litorânea de nosso estado e que abriga o complexo nuclear Almirante Álvaro Alberto, composto de 3 usinas: Angra I com 657 MW funcionando desde 1985, Angra II com 1309 MW funcionando desde 2001 e Angra 3 ainda em construção.
O complexo fica situado na enseada de Itaorna que na linguagem indígena quer dizer “pedra podre” talvez devido às constantes deslizamentos de terra da região. Estamos longe dos terremotos e tsunamis do Japão, porém quais seriam as conseqüências de uma enxurrada de chuvas como aconteceu na região serrana em fevereiro deste ano, se acontecesse em Itaorna? As nossas autoridades, tendo a Eletronuclear à frente afirmaram que o modelo brasileiro é seguro e que as chances de ocorrer um acidente deste porte é quase nula. Parece que agora somos nós mais preparados que os milenares japoneses. Diziam isso também sobre Chernobyl e Fukushima veio para desmentir isso.
Estamos preparados para um acidente deste porte? Parece que não, pois uma das medidas que ajudaria na evacuação dos moradores do entorno da usina ainda não saiu do papel, trata-se da duplicação da estrada Rio-Santos. Temos que cobrar sim maior atitude e menos discurso sobre os verdadeiros perigos desta forma de gerar energia.
Marcelo de Queiroz