Sou nascida e criada em Realengo. Vim morar em Bangu em 2022.
Estudei até a oitava série no Colégio Agostinho Cunha, no segundo grau fui estudar no Colégio Realengo. Fiz a minha faculdade de Jornalismo na Universidade Castelo Branco. Tenho 35 anos, sou casada. Jornalista, escritora, psicanalista e mestranda em Comunicação Organizacional.
SOBRE O LIVRO O DESTINO de IRENE.
Drama familiar e uma mulher em fuga da própria vida
Prestes a ser lançado, em 28 de novembro, “O Destino de Irene” conta a história de uma mulher angustiada que desenvolve anorexia e bulimia ao passar por frustrações e traumas de infância
Um relacionamento entre pais e filha atravessado por questões sociais como o tabu da gravidez antes do casamento, na década de 1980, e a obrigatoriedade de realizar uma faculdade que não era desejada. Assim começa a trama de Irene, uma menina de 14 anos que reconhece não poder escolher o seu futuro acadêmico, pois Medicina é o curso que está no sangue e nos negócios da família.
O romance é enriquecido com dados e informações históricas como a criação do SUS – Sistema Único de Saúde, a entrada de planos de saúde no Brasil, referências de mitos
gregos e nórdicos, além de trazer para a pauta, a discussão sobre a democratização da Psicanálise para periféricos e pobres.
São capítulos que relatam a vida do personagem principal, até que se torna adulta e seus familiares, como Ícaro, seu pai, Valquíria, sua mãe, Caio e Camila, seus irmãos. O livro também traz a figura do analista Miguel e a sua filha Talita, pessoas chaves que estarão presentes na vida de Irene por anos.
Em “O Destino de Irene”, a autora também oferece aos leitores ideias sobre anorexia e bulimia, além de discorrer sobre depressão e automutilação na adolescência. A então médica Irene passa a desejar aquilo que nunca pode ter: ser uma artista. Se dependesse dela, teria escolhido Belas Artes e se tornaria uma pintora. No entanto, por algum motivo, o seu pai Ícaro sempre passava mal com alergias severas quando esse assunto entrava em discussão, durante a trama. Mais um tabu que envolve este romance.
Esse novo livro, proporciona, aos adultos, uma viagem no tempo, trazendo décadas – de 1970 aos anos 2000 – e as suas peculiaridades, tais como as músicas, moda, cultura e lazer. Vale ressaltar que a autora Tamyris Torres, tem a sensibilidade de conversar com o leitor sobre assuntos importantes e sérios como a compulsão alimentar, o corpo de meninas e mulheres enquanto capital, arraigado nos padrões mercadológicos e publicitários e mostra como as mulheres podem ficar confusas e tomar decisões impensadas em nome da beleza. É um drama familiar que ajuda a pensar sobre sociedade, política e feminismo.
“Naquela manhã, Irene estava em um transe especial, lembrando de diversas situações da sua vida, não conseguia
subir as escadas para chamar a sua amiga, em seu quarto. Parou no meio do caminho e se pôs a pensar como era parecida com um pássaro em sua gaiola, sentia-se presa, mas segura, já que não sabia como era a sensação de voar.
Se ela pudesse escolher ser um animal, votaria em uma avestruz. Com asas, mas que por seu peso jamais conseguiria sair do chão. Mas, tudo bem… Já que ela não saberia se virar com esse “poder” lá fora, longe do seu ninho. E mesmo não passando de lenda, ela poderia enfiar a cabeça na terra ocasionalmente, assim como dizem que esses animais costumam fazer.” (O Destino de Irene, p. 29).
Tamyris Torres é romancista e contista, além de ser jornalista e psicanalista. Começou a sua carreira profissional em redações como Globoesporte.com, O Diário Lance! e UOL. Foi gerente de Comunicação e Marketing das academias de futebol do Ronaldinho Gaúcho e das academias de artes marciais Team Nogueira, dos irmãos Minotauro e Minotouro. Atuou como assessora de imprensa do Instituto Irmãos Nogueira e Universidade Castelo Branco. “O Destino de Irene” marca a carreira literária da autora, misturando as suas áreas de atuação, principalmente as leituras freudianas e lacanianas que, ao longo do livro, colaboraram para a criação de personagens humanizados, com conflitos e angústias a serem resolvidas, também traz a figura de uma analista e enriquece a trama com assuntos como a transferência e a resistência em sessões de análise.