Sobre Realengo em Pauta

Um Jornal totalmente dedicado ao bairro de Realengo. Informando e dando espaço em suas paginas, para que seus moradores expressem suas opniões, encaminhem sugestões e abre espaço para que comerciantes e empresários divulguem seus produtos ou serviços e com isso alavancar o progresso do bairro, gerando emprego aos seus moradores e melhoria de renda.

PARQUE ECOLÓGICO DE REALENGO

Anexo I DO 59 Mapa ilustrativo do Terreno do Parque Ecológico Realengo

Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro Edição Nº 59 | Sexta-feira, 14 de Junho de 2024. Pagina 11

Art.1º Fica criado o Parque Ecológico de Realengo, com a função ecológica, ambiental, urbanística, cultural e
social de parque urbano e ambiental, no bairro de Realengo, no Município do Rio de Janeiro, nos lotes imediatamente contíguos ao Parque Realengo Jornalista Susana Naspolini – consolidando juntos 100% da área dos
lotes compreendidos entre as Rua General Sezefredo, Rua Pedro Gomes, Rua General Raposo e Rua Professor
Carlos Wenceslau com uso de parque.
§ 1° A delimitação do Parque Ecológico de Realengo possui uma área de 75.656,19 m2, abrangendo o Lote 01
PAL 49.640 – Rua General Sezefredo em esquina com a Rua Pedro Gomes (lote com área de 73.793,38m2) e
Lote 02 PAL 49.640 – Rua General Sezefredo (lote com área de 1.862,81m2), conforme mapa esquemático, no
Anexo I.

A Luta de muitas décadas em Realengo é coroada com A Inauguração do Parque Realengo Jornalista Susana Naspolini neste sábado dia 15 de junho. Mas a melhor notícia foi publicada no Diário oficial do dia 14 de Junho, nele é decretado a criação do Parque Ecológico de Realengo, assim toda área da antiga fabrica de cartuchos será destinada a comunidade de Realengo.

§ 2º O Parque Ecológico terá sua gestão conforme regras definidas em Decreto próprio para este im.
Art. 2º O Parque Ecológico de Realengo tem por objetivos:
I – promover a proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais de modo a garantir a prestação de
serviços ecossistêmicos à Cidade do Rio de Janeiro;
II – promover socialização, lazer ativo e contemplativo;
III – promover atividades recreativas e culturais;
IV – promover atividades de educação ambiental e pesquisa;
V – potencializar a conectividade entre “áreas verdes” da Cidade do Rio de Janeiro;
VI – consolidar 100% da área com função e uso sustentável de parque.
Art. 3º Ficam proibidas no Parque Ecológico de Realengo quaisquer atividades degradadoras ou potencialmente
degradadoras do meio ambiente, tais como:
I – o parcelamento do solo e a abertura de vias ou extensão das existentes;
II – o plantio de espécies exóticas;
III – a retirada de vegetação nativa;
IV – o descarte ou manuseio de qualquer material incandescente, ou inflamável ou ainda atividades que exijam
o uso de fogo, sob qualquer forma;
V – vazadouros de lixo;
VI – qualquer outra intervenção, obra ou atividade de caráter privado.
Art. 4º No Parque Ecológico de Realengo:
I – o Parque Ecológico é considerado área non aediicandi;
II – poderão ser realizadas atividades culturais, de recreação, de lazer e intervenções de baixo impacto ambiental
relacionadas ao uso de parque.
Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Rio de Janeiro, 13 de junho de 2024; 460º ano da fundação da Cidade.
EDUARDO PAES
Fonte: https://doweb.rio.rj.gov.br/portal/visualizacoes/pdf/6634#e:6634/p:11?find=parque%20de%20realengo

Quem é o Pai do Parque Realengo?

Quem é o Pai do Parque Realengo?


Parque de Realengo, Parque Verde, Parque Suzana Naspolini, nasce com muitos nomes, mas fruto de um único sonho da população. Lazer!
Realengo vai ganhar um espaço há muito esperado e que mobilizou muita gente.
Certamente Irão surgir muitos pais e padrinhos… vou tentar esclarecer um pouco o que vivenciei e registrei pelo blog quando o movimento ainda se chamava “O Realengo que queremos”, que por sinal é o mesmo nome da pesquisa anual que fazemos no Blog.

Bom, sabemos que irão aparecer espalhadas pela região, diversas faixas dos políticos tomando para si a autoria do projeto.
Mas o Pró Realengo vai te ajudar a entender quando toda esta história tem início.
Vamos aqui traçar uma linha do tempo e você leitor poderá ter um entendimento de toda a situação.
O local escolhido, foi no passado uma parte (ÁREA 3) ao todo eram 4 áreas utilizadas pela Fábrica de cartuchos (material bélico), destinado ao Exército brasileiro e que durante muitos anos foi um grande gerador de empregos na região e no final dos anos 1979, teve suas atividades encerradas, ficando então 144.000m² simplesmente abandonados.
As reivindicações são antigas e com o tempo foram ganhando força com cada vez mais adeptos e muitas sugestões foram surgindo.
Hoje vemos que o projeto inicial foi totalmente modificado, mas ver o terreno abandonado seria muito pior.
Mas que fique a lição de que os governantes precisam ouvir o povo e discutir projetos e não implantar um importado.

 

Palácio da Cidade do Rio de Janeiro 1997 – Comissão Realengo, Rubens Andrade Costa, Leônidas Cardoso, André Urani, Conde, Eduardo Afonso, Leandro Cardoso, Rudenilson Andrade Costa e José Carlos Raimundo com Prefeito Conde e Secretário de Trabalho André Urani


A primeira reivindicação foi em 2001 para o uso do local, pelo movimento popular PRÓ-ESCOLA TECNICA (CEFET) para implementação de cursos técnicos , o movimento não foi atendido neste quesito, mas conseguiram trazer em 2004 o COLEGIO PEDRO II mas não exatamente para o local do parque, mas para outra área da fábrica. Mas não pararam por ai e parte do terreno foi destinado para a implementação do IFRJ (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIENCIA E TECNOLOGIA) em 2009.
                                                                                                                                                                                Mas outras áreas ainda remanescentes da antiga Fábrica, poderia ter outras

Movimento Pró escola técnica na Zona Oeste, início anos 2000, Praça Padre Miguel, Realengo

utilizações e moradores apresentaram sugestões.
E é ai que nós entramos nesta bela história, pois O Blog Pro Realengo (nome inspirado no Pró Escola Técnica), sempre incentivou o cidadão Realenguense, a exercer sua cidadania participando de debates, sugestões em nosso espaço virtual.
O primeiro registro documentado de reivindicações foi nos apresentado pelo ex-vereador, Rubens Andrade (ainda bem jovem) e devidamente comprovado nesta reportagem ao jornal Zona Oeste do Globo publicado em 31 de maio de 1998. Reportagem a baixo.

 

https://pro-realengo.blogspot.com/2009/08/sugestao-para-lazer-em-espaco-sem-uso.html

Posteriormente um leitor do blog sugeriu algo parecido.

Flávio Aguiar – leitor do blog

E em agosto de 2009 recebemos um e-mail (publicado na integra neste link  Pró Realengo: Sugestão para Lazer em espaço sem uso… (pro-realengo.blogspot.com)) de um de nossos leitores sugerindo o local para área de lazer.
O Sr. Flavio Aguiar morador no bairro a mais de 30 anos, percebeu que podíamos ter um belo espaço multiuso em um local carente de opções.
É claro que estas sugestões foram se espalhando e chegou a diversos ativistas, e gradativamente a coisa foi ganhando proporção e inicialmente surgiu o grupo intitulado movimento “O Realengo que Queremos” tendo as primeiras reuniões ocorridas quinzenalmente a partir de 2014 em diversos locais, como registrado pelo blog Pro-Realengo em inúmeras fotos, pois nosso administrador Luiz Fortes era um dos membros deste movimento, que tinha a finalidade especificamente, lutar pelo Parque de Realengo Verde e então por sugestão de alguns membros, decidiram mudar o nome para que estrategicamente a população abraçasse a causa o que ocorreu em grande escala diga-se de passagem.
Foram muitos os personagens envolvidos alguns políticos, ou com intenção de o serem, assessores dos mesmos, população em geral, alguns já eram ativistas sociais.
Uma grande estratégia foi levar para as ruas ou eventos na região com nossas reivindicações, pedindo para todos assinarem o “Abaixo assinado” a ser entregue a população, de um lado não mais o Exército mas sim a FHE (Fundação Habitacional do Exército) que perceberam na Licitação do terreno do EB uma grande oportunidade e que oportunidade, pois o valor do metro quadrado que consta no RGI foi irrisório… bom, os planos do fundo pecuniário era construir outro condomínio como o Parque Real ( que já ocupava outra área da antiga fábrica).
Nas reuniões periódicas, do movimento, criamos uma lista de reivindicações e sugestões, algumas foram até muito bem aceitas por órgãos que se interessaram para estarem no espaço que seria de lazer, educação e benfeitoria para a sociedade. O instituto Benjamin Consta t, (URCA) ficou irradiante em poder estar conosco em outro ponto da cidade, a Universidade UNIRIO – também colocaria um polo educacional ali, aliviando alunos que morassem distante da zona Sul. Isso tudo foi fruto de muita conversa e contatos feitos pelos membros do movimento. Além da possibilidade de expandir o IFRJ já instalado em uma área anexa.

 Aqui um depoimento a Câmara Municipal do RJ a convite do Jornal Realengo em Pauta.


O grande vencedor é o povo, e aqui neste álbum, um pouco dos muitos que assinaram para isso se tornar realidade.


https://www.facebook.com/media/set/?set=a.668135293261337&type=3&locale=pt_BR

https://pro-realengo.blogspot.com/2009/08/sugestao-para-lazer-em-espaco-sem-uso.html
texto e fotos de Luiz Carlos Fortes

e fotos cedidas por Rubens Andrade.

 

O gráfico elaborado pela Auditoria Cidadã da Dívida está correto

“Em 2023, o orçamento para cobrir os juros e amortizações da dívida pública consumiu mais de 43% do orçamento da União, enquanto à educação foram destinados apenas 2,97%”
Foto: Agência Brasil/ Arquivo

POR Maria Lucia Fattorelli 

Todo ano a Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) elabora o gráfico que retrata a destinação de recursos do orçamento público federal, o qual revela o imenso privilégio dos gastos com o Sistema da Dívida.

Cabe ressaltar, inicialmente, que o gráfico é elaborado com dados oficiais, divulgados pelo governo federal, conforme fontes que sempre indicamos em nossas publicações.

No ano de 2023, R$ 1,89 trilhão foi destinado ao gasto com juros e amortizações da dívida pública, correspondente a 43,23% de todos os gastos!

Enquanto isso, a Educação recebeu apenas 2,97%, a Saúde 3,69%, Ciência e Tecnologia 0,29 %, Gestão Ambiental 0,0895%, Organização Agrária 0,0596%, e assim por diante, evidenciando a péssima distribuição dos recursos públicos que privilegia o Sistema da Dívida, que além de absorver toda a receita obtida com a venda de novos títulos públicos, ainda abocanha vultosos recursos de outras fontes de receitas federais:

Invariavelmente, surgem críticas a esse gráfico elaborado pela ACD, sob o falacioso argumento de que o gasto com a dívida pública estaria exagerado; alguns chegam a dizer que estaria errado, e que a dívida interna federal não significaria um problema para o país, pois estaria sendo meramente “refinanciada” ou “rolada”…

Mostro a seguir as mentiras que estão por trás desses ataques à ACD.

Em primeiro lugar, é preciso evidenciar a centralidade do Sistema da Dívida para a economia brasileira, configurando, de fato, “o problema mais grave das finanças nacionais”, como dizia o nosso saudoso Leonel Brizola.

Ora, se a dívida pública não fosse um problema, por que estamos sendo penalizados com as graves restrições do arcabouço fiscal (Lei Complementar 200/2023), que limita todos os investimentos em áreas essenciais, até o ponto de colocar em risco o cumprimento do piso constitucional da saúde e educação?

Gráfico: ACD/ Divulgação

O próprio governo declarou que as limitações de gastos sociais impostas pelo arcabouço têm o objetivo de “guardar recursos importantes para abatimento do endividamento público”. Portanto, é inegável que essa chamada dívida representa um grande problema.

Em segundo lugar, a dívida tem sido a justificativa para todas as privatizações insanas de patrimônio público que vêm acontecendo desde o governo Collor, passando por todos os demais governos, assim como a desculpa para a retirada de direitos da classe trabalhadora nas sucessivas contrarreformas da Previdência, afetando negativamente a vida da maioria da população.

Dessa forma, o problema da dívida atinge toda a sociedade!

Em terceiro lugar, os gastos com a chamada dívida pública federal absorvem a maior parte do orçamento federal anualmente, como temos demonstrado. As alegações infundadas de que haveria erro no gráfico divulgado pela ACD configuram clara tentativa de esconder a centralidade do Sistema da Dívida e confundir a sociedade que está pagando essa alta conta.

A mentira da mera “rolagem”

A mentira mais divulgada por quem ataca o gráfico da ACD é no sentido de que a dívida interna federal estaria simplesmente sendo “rolada”, isto é, o pagamento de “amortizações” (pagamento de parte do estoque da dívida) estaria sendo feito com recursos obtidos por meio da emissão de novos títulos públicos, e não deveria ser computada no gráfico do orçamento federal.

Na prática, apenas uma parte dos títulos públicos que vencem estão sendo pagos com receita da venda de novos títulos, e essa receita e a correspondente despesa obrigatoriamente têm que constar do orçamento, conforme a legislação vigente e orientação do Tribunal de Contas da União. Ademais, a receita obtida com a venda de novos títulos que é abocanhada pelo Sistema da Dívida deixa de alimentar as demais rubricas orçamentárias, como se vê claramente no gráfico da ACD.

Assim, quem fica dizendo que as receitas financeiras decorrentes da venda de títulos públicos destinada para pagar parte da dívida não deveria constar do orçamento desconhece as normas legais, e omite o fato de que essas receitas poderiam e deveriam estar sendo destinadas para investimentos em nosso desenvolvimento socioeconômico, como fazem os países ricos.

A mentira sobre a “rolagem” já foi desmontada pela ACD com dados oficiais e rebatida em várias publicações, mas torna-se necessário resumir aqui novamente, pois à medida em que aumentam as evidências que escancaram a centralidade do Sistema da Dívida e mais e mais pessoas se conscientizam de que esse sistema deve ser enfrentado por meio de auditoria integral, como consta da Constituição Federal, as infames críticas se repetem.

Caso a dívida estivesse sendo simplesmente “rolada”, como dizem, devido a uma mera troca de títulos antigos por novos, o estoque da dívida se manteria constante, porém, não é isso que está acontecendo: o seu estoque tem crescido ano a ano e já supera R$ 8 trilhões. Além disso, se o pagamento se resumisse a uma “rolagem”, não estaríamos precisando fazer sacrifícios, como os impostos pelo arcabouço fiscal, privatizações, contrarreformas etc. para fazer sobrar mais dinheiro para pagar essa dívida. Então, essa alegação de “simples rolagem” sequer tem lógica.

Mas vamos aos dados, que comprovam a importância do trabalho desempenhado pela ACD e a necessidade de avançarmos na realização da auditoria integral do Sistema da Dívida, com participação social, como luta a Frente Parlamentar instalada recentemente.

Gasto com juros informado a menor pelo governo no SIOP

Em todos os anos, o valor do gasto com juros informado no sistema de contabilidade governamental (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP – rubrica “Juros e Encargos da Dívida”) é muito inferior ao valor efetivamente gasto com juros. Em 2022, por exemplo, o valor do gasto com os juros da dívida informado pelo governo no SIOP foi de R$ 247 bilhões, descaradamente inferior ao que efetivamente foi gasto, estimado, por baixo, em R$ 780 bilhões, conforme cálculo feito da forma mais conservadora possível, apontando uma diferença de mais de 200% entre o informado pelo governo e o estimado com base em dados oficiais.

Em publicação recente, o próprio Tesouro Nacional admitiu que o gasto com “Transações da Dívida Pública”, cuja maior parte corresponde ao gasto com juros da dívida pública federal foi de R$ 772 bilhões em 2022, “o maior do grupo de 53 países analisados”. Essa publicação demonstra que o gasto com juros é de fato muito superior ao que constou no SIOP, e que a estimativa do gasto com juros feita pela ACD estava coerente.

Em 2023, o valor do gasto com juros informado pelo governo foi de R$ 241 bilhões, mais uma vez muito inferior ao efetivamente gasto no ano, estimado em, no mínimo, R$ 863 bilhões. Essa estimativa é feita com base no estoque da dívida pública federal no início de 2023 (R$ 8,106 trilhões) e sequer considera o seu crescimento durante o ano, portanto, trata-se de cálculo conservador, feito com base em dados oficiais e obtido pela multiplicação do citado estoque inicial da dívida no início de 2023 pelo custo médio dessa dívida, informado pelo Tesouro Nacional.

Essa relevante diferença, que mostra a necessidade de somarmos os gastos com juros e amortizações no gráfico elaborado pela ACD, tendo em vista que dentro da rubrica “amortizações”, comprovadamente está a maior parte dos juros pagos, foi objeto de estudo por parte da CPI da Dívida Pública realizada na Câmara dos Deputados Federais em 2009/2010.

Naquela ocasião, restou comprovado que grande parte dos juros pagos tem sido contabilizada como se fosse amortização ou “refinanciamento” (“rolagem”) de seu estoque. Essa prática tem viabilizado o pagamento dos juros (despesa corrente) disfarçados de amortização (despesa de capital), mediante a emissão de mais títulos da dívida que aumentam o seu estoque.

Essa prática burla a Constituição Federal (Art. 167, III) e privilegia o pagamento efetivo de juros, maquiados de “rolagem”. É por causa dessa burla que todo ano temos, nos dados divulgados pelo Tesouro Nacional, um montante de “juros” bem inferior ao efetivamente pago, pois grande parte não é contabilizada como juros, mas como “amortização” ou “refinanciamento” (“rolagem”). Ao mesmo tempo, as “amortizações” aparecem elevadíssimas, porém, o estoque da dívida não se reduz, mas segue crescendo de forma absurda.

Os novos títulos da dívida pública emitidos para pagar a maior parte dos juros passam a fazer parte do estoque da dívida, e sobre esse estoque aumentado incidirão novos juros.

Isso faz com que a dívida interna brasileira cresça exponencialmente e seja uma dívida formada pelo acúmulo de juros sobre juros, sem contrapartida alguma em investimentos públicos, como já comprovado e declarado pelo Tribunal de Contas da União ao Senado.

Adicionalmente, grande parte das amortizações da dívida são pagas em dinheiro advindo de outras fontes de receitas federais, que deveriam financiar investimentos sociais, mas estão sendo destinadas aos gastos com o Sistema da Dívida. Portanto, essa parte das amortizações paga com receitas de outras fontes que não têm nada a ver com a emissão de títulos públicos também não poderiam ser caracterizados como “rolagem”.

Nos últimos três anos, por exemplo, os pagamentos de juros da dívida pública, somados às amortizações feitas com recursos de outras fontes distintas de receitas de títulos públicos chegaram a quase R$ 1 trilhão em cada ano.

Dessa forma, o privilegiado Sistema da Dívida tem consumido todas as receitas auferidas com a venda de novos títulos públicos, as quais são destinadas ao pagamento de juros, mecanismos que geram dívida (como a Bolsa-Banqueiro[1] por exemplo), e dívida anterior, e essa despesa – a maior de todas – deve, necessariamente ser computada no gráfico que retrata o orçamento federal executado. Portanto, o gráfico elaborado pela ACD está correto.

O privilégio do Sistema da Dívida é uma opção política. É dinheiro que deveria ir para investimentos sociais, como corretamente chegou a declarar o presidente Lula no final do ano passado, mas, na prática, continua sendo integralmente consumido no pagamento de juros e mecanismos da própria dívida pública nunca auditada. Seguiremos lutando, até que tenham coragem para enfrentar o Sistema da Dívida e cumprir a Constituição.

Tudo para os Banqueiros . Nada para o Povo!!!

Maria Lucia Fattorelli é coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), organismo da CNBB; e coordenadora do Observatório de Finanças e Economia de Francisco e Clara da CBJP. Escreve mensalmente para o Extra Classe.

 

 

Fonte: https://www.extraclasse.org.br/opiniao/2024/01/o-grafico-elaborado-pela-auditoria-cidada-da-divida-esta-correto/

Quem foi PAULO FREIRE e por que ele é tão amado e odiado

(CEFORTEPE / Luiz Carlos Cappellano/Reprodução)

O educador nunca foi e nem se pretendeu unânime, seja no meio acadêmico ou no campo político. Ainda assim, seu legado deve ser reconhecido
POR TAÍS ILHÉU

Paulo Freire (1921-1997) é Patrono da Educação Brasileira e autor da “Pedagogia do Oprimido”. Conhecido pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, Freire desenvolveu um pensamento pedagógico que defende que o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno.

Preso e exilado durante a Ditadura Militar nos anos 1960, o educador comentou em uma entrevista, em 1994, como a história molda os discursos e que ele já não era mais demonizado como fora antes. A história é mesmo curiosa, já que nos últimos anos o nome de Freire voltou às rodas de alguns setores da sociedade, que veem no educador um doutrinador e propagador do comunismo.

Mas, afinal de contas, por que ele é tão odiado por alguns e tão amado por outros?

Educação como prática de liberdade
De acordo com o biógrafo Sérgio Haddad, autor do livro “O Educador” que conta a trajetória de Freire, o texto do inquérito divulgado logo depois que o educador partiu para o exílio afirmava que ele era “um dos maiores responsáveis pela subversão imediata dos menos favorecidos”.

Essa frase diz muito sobre a metodologia de Paulo Freire e por que ela gerava tanto incômodo. O método tratava uma maneira de educar intrinsecamente ligada à vida cotidiana – e por isso também à política. O educador era contra o que chamava de “educação bancária”, que colocava o professor como detentor do conhecimento e o aluno apenas como depositório. Para ensinar, de acordo com ele, era preciso partir da experiência do aluno e do que ele conhecia.

Foi assim que um grupo de professores, sob sua liderança, ensinou 300 adultos a ler e escrever em menos de 40 horas, na cidade de Angicos (RN), em 1963. A metodologia envolvia ensinar os fonemas por meio de palavras que faziam parte do cotidiano dos trabalhadores, como tijolo. A alfabetização em massa inspirou o Plano Nacional de Alfabetização, que foi arquivado e nunca mais retomado depois do Golpe de 1964.

Plano Nacional de Alfabetização
Inicialmente, a experiência de Freire foi financiada pela Aliança para o Progresso, do governo dos Estados Unidos, que acreditava que a alfabetização era um caminho para combater o avanço do comunismo no Brasil. O governo militar, no entanto, viu nela um perigo iminente de revolta dos “menos favorecidos”. Isso porque Freire acreditava na educação como ferramenta de transformação social, como forma de reconhecer e reivindicar direitos.

De acordo com uma reportagem publicada pela ONG Repórter Brasil, muitos atribuíram uma greve dos trabalhadores em Angicos, que reivindicavam carteira de trabalho assinada e repouso semanal, às discussões ocorridas durante a experiência de alfabetização de Paulo Freire Ao ensinar a escrever a palavra “trabalho”, os professores também levantavam discussões sobre o assunto, e os alunos chegaram inclusive a ler artigos da CLT.

Um outro ponto sensível aos militares da época tocado por Freire e o Plano Nacional de Alfabetização era o direito ao voto. Na época, apenas quem sabia ler e escrever poderia votar. Ou seja, Paulo Freire estava formando leitores e eleitores críticos.

Paulo Freire ao redor do mundo

De acordo com Sérgio Haddad, durante os 15 anos de seu exílio, Paulo Freire passou por diversos países a convite de governos, universidades, igrejas e movimentos sociais. De volta ao Brasil, deu aulas na PUC-SP e na Unicamp, e, de 1988 a 1991, foi secretário municipal de Educação na gestão de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo.

Paulo Freire é o brasileiro que mais recebeu títulos honoris causa pelo mundo. Ao todo, ele foi homenageado em pelo menos 35 universidades brasileiras e estrangeiras. Além disso, mais de 350 escolas ao redor do mundo levam seu nome.

Em 2016, o especialista em estudos sobre desenvolvimento e aprendizagem Elliott Green, professor da London School of Economics, realizou um levantamento por meio do Google Scholar e elencou Pedagogia do Oprimido, um dos livros de Paulo Freire, como a terceira obra mais citada em trabalhos na área das humanidades em todo o mundo. À época, ela já havia sido citada 72.359 vezes.

Diversos centros de estudo ao redor do globo se dedicam a estudar a obra de Paulo Freire. De acordo com a BBC, entre os países que estudam e aplicam o método do educador estão a África do Sul, Áustria, Alemanha, Holanda, Portugal, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. A Revere High School, escola em Massachusetts que já chegou a ser considerada a melhor escola pública de Ensino Médio dos EUA, é uma das aplicadoras.

pedagogia do oprimido

Discordâncias

A mesma reportagem da BBC aponta, no entanto, que não há unanimidade entre pesquisadores a respeito de sua obra e da universalidade de sua metodologia. O especialista em formação de professores Douglas J. Simpson, da Faculdade de Educação da Universidade Cristã do Texas, por exemplo, publicou um artigo que causou polêmica ao questionar se Paulo Freire deveria ser “engavetado”.

Simpson afirmou também que não concorda com a aplicação de uma mesma metodologia em todas as escolas, e que é preciso também se basear em “práticas meritórias”. Na década de 70, um outro pedagogo americano chegou a afirmar que a pedagogia de Freire abria espaço para acusações de doutrinação e manipulação.

De acordo com seu biógrafo, no campo político Paulo Freire também não gerava consenso. Recebia críticas dos setores progressistas por conta da sua linguagem com ênfase no masculino (ao menos nas primeiras obras) e por ser contra o aborto, por exemplo.

No entanto, sua contribuição e relevância no campo da educação, a despeito das críticas que possam ser feitas a ele, são consenso entre pesquisadores, assim como seus esforços para estimular o diálogo e o respeito em sala de aula. “Paulo Freire ensinou, acima de tudo, que precisamos aprender a ouvir, a entender e a respeitar uns aos outros”, afirmou  seu crítico Douglas J. Simpson.

FONTE: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/quem-foi-paulo-freire-e-por-que-ele-e-tao-amado-e-odiado

 

POR UMA ESCOLA CIDADÃ

Em artigo publicado no site Carta Educação, Moacir Gadotti fala de uma escola que luta pela superação das desigualdades perante o direito à educação.

Por Moacir Gadotti

Estou convencido de que se quisermos realmente avançar no enfrentamento de nossos graves desafios educacionais deveríamos pensar seriamente numa verdadeira reconversão cultural da escola. Nessa tarefa, Paulo Freire, agora proclamado “patrono da educação brasileira”, pode nos ajudar.

Minha trajetória como docente começa em 1962. Em 1967 cruzei com o primeiro livro de Paulo Freire, Educação como prática da liberdade, que utilizei como trabalho de conclusão do curso de Pedagogia e marcou minha vida. Mais tarde, no final da década de 1980, pude participar diretamente com ele no projeto de mudança da “cara da escola”, como ele dizia, quando assumi a chefia de seu gabinete na Secretaria Municipal da Educação de São Paulo (1989-1990).

Chamamos inicialmente essa escola de “Escola Pública Popular”, uma escola que formava para a inclusão e a cidadania, refletindo um movimento educacional concreto que se caracterizava pela democratização da educação em termos de acesso e permanência, pela participação na gestão e escolha democrática dos dirigentes educacionais, por uma concepção interdisciplinar do currículo e da avaliação e pela democratização do próprio Estado. Foi no interior desse movimento, iniciado no final da década de 1980, que surgiu no Brasil o conceito de “Escola Cidadã”, uma escola que forma para e pela cidadania.

Parece que foi Paulo Freire quem melhor definiu uma educação para e pela cidadania quando, no Instituto Paulo Freire, em São Paulo, em uma entrevista à TV Educativa em 1997, falou de sua concepção da Escola Cidadã: “A Escola Cidadã”, dizia ele, “é aquela que se assume como um centro de direitos e deveres. É uma escola coerente com a liberdade. É uma escola de comunidade, de companheirismo, que vive a experiência tensa da democracia”.

A Escola Cidadã freiriana é uma escola una e diversa, uma escola na perspectiva unitária de sociedade e de educação. Por isso é uma escola que luta pela superação das desigualdades perante o direito à educação. Unitária não significa uniformizadora. Ao contrário, significa síntese do diverso. Mas, a diversidade só é democrática quando existem condições de produção social da existência igualitárias.

Em 1994, com base nas primeiras experiências de educação cidadã, o Instituto Paulo Freire sistematizou as linhas fundamentais de um projeto de educação para e pela cidadania, o Projeto da Escola Cidadã, acentuando a corresponsabilidade na gestão da educação pública entre o poder público, a escola e a comunidade, num verdadeiro “regime de colaboração”, como previa a Constituição brasileira de 1988, chamada de “Constituição Cidadã”.


Ainda que o fim seja a formação para e pela cidadania, essas escolas e as políticas educacionais que as promovem, têm uma formatação própria em cada realidade. O que elas têm de comum, além do seu propósito principal, é o respeito pelas características histórico-culturais da região, os ritmos e as conjunturas específicas.

Cada escola é única, fruto de suas próprias contradições e lutas, mas ela só será realmente cidadã se aliada e solidária com todas as outras escolas. Por isso, os Conselhos de Escola não ficam isolados na sua própria escola, eles também atuam organizados em interconselhos, por meio do Conselho de Representantes dos Conselhos de Escola, o CRECE. Autonomia não significa isolamento. Para que a escola seja realmente autora, instituinte e não burocrática, passiva, precisa superar o localismo e o particularismo, e estabelecer, com autonomia, relações de âmbito nacional e global.

Para avançar na construção da Escola Cidadã precisamos superar os atuais modelos instrucionistas de formação de professores. No instrucionismo o saber dos docentes não é levado em conta. Os professores estão excluídos da discussão do tema da qualidade da educação. Eles não têm voz. O que se busca é a estandardização da qualidade, da avaliação, da aprendizagem.

A maior ambição da Escola Cidadã é contribuir para a criação das condições para o surgimento de uma nova cidadania, como espaço de organização da sociedade para a defesa de direitos e a conquista de novos direitos. Trata-se de formar para e pela cidadania para a gestação de um novo espaço público, que leve a sociedade a ter voz mais ativa na formulação das políticas públicas e assim possa participar da mudança do Estado que temos para a criação de um Estado radicalmente democrático. Não se pode transformar a escola pública de hoje sem uma nova concepção de Estado.

O neoliberalismo, ao transferir para a relação professor-aluno a lógica de rentabilidade e lucro do mercado, no interior da escola, causa tensão nas suas relações sociais e humanas. A relação professor-aluno torna-se tensa, agressiva, quando reproduz relações competitivas de mercado, porque, ao adquirir a forma do mercado, a escola acaba reproduzindo as relações de produção dominantes na sociedade.

A educação não pode subordinar-se às exigências do mercado. Precisamos substituir essas relações mercantis por novas relações e por uma cultura de não violência. A Escola Cidadã insere-se na luta pela desmercantilização da educação, pela afirmação do direito universal a uma educação emancipadora, entendida como uma educação para a justiça social. Sua referência é a cidadania e não o mercado.

Na minha trajetória como professor universitário tive diversos alunos que fizeram suas dissertações e teses sobre esse tema. Destaco a tese de doutorado de José Eustáquio Romão, cujo título é Dialética da diferença: O projeto da escola cidadã frente ao projeto pedagógico neoliberal, que contrapõe o projeto da Escola Cidadã ao projeto pedagógico neoliberal, e a tese de doutorado de Jose Clovis de Azevedo Reconversão cultural da escola: Mercoescola e escola cidadã, que, partindo da experiência político-pedagógica do município de Porto Alegre, contrapõe dois polos constitutivos dos movimentos educacionais da atualidade: a Mercoescola, a escola liberal que converte a educação em mercadoria, e a Escola Cidadã, como movimento e ação pedagógica contra-hegemônica.

Para ele, a Escola Cidadã consiste na reconversão cultural da escola em um projeto político-pedagógico fundamentado nos princípios emancipatórios da democratização política, social, econômica e cultural.

A participação cidadã é um princípio pedagógico mas é, também, um direito humano. Paulo Freire, como Secretário Municipal de Educação da Cidade de São Paulo, instituiu, em 1989, uma política de Educação em direitos humanos, valorizando o diálogo e a participação popular, repensando o currículo escolar. Um dos eixos básicos de sua reorientação curricular foi a participação social por meio de colegiados, entendendo a educação em direitos humanos como educação para a cidadania. A educação para a cidadania é uma educação em direitos humanos e vice-versa. A educação para a cidadania, ao buscar fortalecer a participação e o controle social, empodera pessoas como sujeitos de direitos.

Paulo Freire não defendia qualquer educação em direitos humanos. Para ele a “educação em direitos humanos era a educação popular”, entendida como um projeto político de construção do poder popular. Ele demostrou, como secretário municipal de Educação, que ela é um processo que se constrói, ao mesmo tempo, dentro e fora do Estado.

O diálogo é a principal prática da educação em direitos humanos. Mas diálogo e participação só podem ser ensinados pela prática do diálogo e da participação. Daí a importância do fortalecimento dos conselhos escolares e da gestão democrática nas escolas e de todos os conselhos representativos da sociedade civil, para a promoção da consciência de direitos e de deveres e a ampliar o controle social e a participação como método de governo. É isto que propõe a Escola Cidadã.

Moacir Gadotti é presidente de honra do Instituto Paulo Freire e professor titular aposentado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Seu artigo marca o começo de uma parceria entre Carta Educação e o Instituto Paulo Freire.

https://www.paulofreire.org/noticias/464-por-uma-escola-cidad%C3%A3

A UTOPIA BRASIL

Ninguém sabe como será o mundo de amanhã. Fixemos, por exemplo, o ano 2050, que será, sem qualquer dúvida, muito mais diferente de hoje do que nós em relação a 1945, ano do fim da 2ª Guerra Mundial. Tudo mudou radicalmente de então para cá. As mulheres transformadas pela pílula. A sexualidade pelo AIDS. As enfermidades pelos antibióticos. O surgimento da televisão de massa. E, sobretudo, a informática, tão recente e que já comanda o mundo em todas as suas faces de forma inelutável.

As grandes potências de hoje, os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha, sabem de certeza certa que vão mudar completamente. Inclusive porque os materiais que sustentam seu carro de vida vão durar uns vinte anos. Que é que substituirá as fontes de energia, os minérios e tanta coisa mais? De que modo? A que preço? Os otimistas confiam que, espontaneamente, surgirão soluções e aquelas nações continuarão resplandecentes. Tomara. Os pessimistas temem que os fatores dissociativos, já presentes nelas, as convulsionarão de tal forma que irão à ruína. Tomara

Eles e nós somos contrapartes contemporâneas de um mesmo sistema produtivo. Somos os frutos maduros da civilização ocidental europeia. Foi ela que, pelo funcionamento orientado unilateralmente de sua economia, produziu, lá, a prosperidade; cá, a penúria, mutuamente interdependentes. Agora, tudo entrou a mudar tão fantasticamente que todos, nós e eles, nos espantamos, surpresos. Para eles não há risco maior, trata-se, apenas, de continuar fazendo a economia mundial funcionar para atendê-los como sempre fez. Para nós, não. Trata-se de inverter a tendência histórica secular e o próprio pendor humano para nos viabilizarmos. Como?

Se os donos do mundo não sabem de si mesmos, que fará nós, seus súditos? Uma coisa é certa, eles continuarão precisando da contribuição de nossa pobreza para sua prosperidade. Com esse objetivo, inventam para nós o futuro que lhes convém. Impõem, para isso, a toda a mídia, como novidade, a supremacia do mercado, que conhecemos há tantos séculos e que nos fez tal qual somos, corno principal fator de prosperidade dos povos. Fazem os parlamentos votarem leis de patente para nos impor uma nova soja muito melhor que cafezal para produzir café e muito melhor que cacau para produzir chocolate, além de inovações econômicas muito mais desastrosas.

A única forma de nos livrarmos desse futuro interesseiro, imposto lá de fora, é inventarmos, nós mesmos, o futuro que queremos. Uma espécie de Brasil Utópico para os brasileiros todos, menos, naturalmente, os associados ao mercado mundial, porque o projeto deles é fortalecer esses vínculos mortíferos.

O Povo Brasileiro

Seria factível isso? Inventar e implantar todo um Brasil para nós mesmos a partir de nossas forças e fraquezas? Eu não sei, não. Duvido muito. É, talvez, inelutável o êxito deles através da manipulação da mídia para conformar a opinião pública nacional; de seu controle de nossas leis, porque são os donos dos grandes partidos; da dominação de nossa economia, através de chantagens. Todos que têm juízo vão aderir ao projeto d’Eles, porque é muito mais vantajoso para quem se entregar. Garantirá uma vida regalada, tão rica e gostosa que os tornará ainda mais cegos para a fome e o atraso generalizados.

Entretanto, digo a vocês, vale a pena brigar. A luta será mais interessante para o povo inteiro que uma Copa Mundial de Futebol. Chamará todos os brasileiros a participar dela. Sobretudo para os jovens, que receberão dos pais um país de merda de que só podem se vexar. País, entretanto, que tem tudo para ser o melhor do mundo. Pensem Só, ponderem as nossas vantagens. Um paízão tropical, que nem inverno tem. Um território fértil, o mais ensolarado desse mundo. Um. povo mestiço, bonito, alegre e criativo como não há outro. Com uma incontida vontade de fartura, de beleza e de felicidade, capaz de qualquer esforço para alcançar isso.

O ruim, aqui, imprestável mesmo, é nossa elite: cosmopolita, entreguista, vaidosa de si, envergonhada de seu país e de seu povo. Se tomarmos dela o poder, por um tempinho que seja, faremos do país o Brasil de nossos sonhos. Pelo menos tentaremos seu fazimento, o que não conseguimos antes, naquele instante de poder que exercemos e perdemos.

Iniciando essa transfiguração, o mundo começará a ver, em pasmo, construir-se uma verdadeira utopia, aqui onde ela foi primeiro pensada. Pelos índios que cá existiam antes e viviam para se exercer como gente, feliz de si mesma, sem outra obrigação que não fosse conviver solidária e alegremente. Se possível indo para um lugar ainda melhor, a Terra Sem Males de seu Deus, Maíra. Pelos filósofos que, ao deparar com nossa· indianidade nuela, mudaram todo o seu discurso, constatando que seus ancestrais não seriam anacoretas bíblicos, mas selvagens belos como os nossos e que a finalidade dos homens é sua própria felicidade. Pelos místicos, a começar pelo príncipe que queimava seus culhões com um cinturão de cilício pura mostrar seu amor a Deus, mas construiu o barco oceânico que veio ter aqui e aderiu à heresia de Eva, que acreditava que o paraíso era para se construir nesse mundo. Pelos ideólogos, como Tomás, que inventou a Utopia inspirado no Brasil e que, também por isso, foi decapitado. Pelos revolucionários da liberdade, da igualdade e da fraternidade, que tentaram refazer a sociedade segundo um. projeto. Primeiro, os jesuítas com seus índios pios. Depois, os franceses da Comuna de Paris. Ultimamente, os russos antigos, divididos entre Lênin e Stalin e que deram com os burros n’água.

Nossa Utopia Brasil, embora herdeira de todas essas infundadas esperanças, é o avesso de todas elas. Quer tanto e tão somente reverter a linha histórica que nos fez ser e existir, produzindo açúcar para adoçar bocas alheias e ouros para enriquecer antípodas. Agora, não se trata de qualquer luta de classes, com a ilusão de levar para cima os pobres e oprimidos e sujigar, embaixo, os ricos e poderosos. Isso tivemos em Palmares, com negros xucros querendo inventar o socialismo antes do tempo. Na Balaiada, com os caboclos tupi-falantes, mais uma vez donos do poder sem saber o que fazer dele. Em Cunudos, por longo tempo, numa utopia encarnada por lusitanidades como a de desencantar o rei D. Sebastião. Trata-se, agora, frente a um mundo de tecnicalidades monopolizadas, de criar um novo regime empresarial que, em vez de ser cativo de consumidores longínquos, trabalhe em proveito da gente daqui mesmo, desde sempre faminta e ignorante.

Quem sou eu para idealizar esse Brasil brasileiro e contente de si mesmo? Quisera. O que tenho para oferecer a debates são algumas ideias que peço a todos os brasileiros que repensem, para encontrar modos de plantá-las no chão do mundo. Muitos de nós, juntos, podemos sonhar realisticamente o país que queremos, de convivência gentil, de fartura geral, e de muitas escolas alegres.

Falo, sobretudo, à juventude porque, digo outra vez, de minha geração, dos que têm mais de trinta anos, já me desesperancei. Broxaram. Só os novos, os que vêm, podem plasmar essa utopia singela de que dou os traços mais gerais, explorando as potencialidades mais visíveis do Brasil.

DARCI RIBEIRO

Fonte:https://fundar.org.br/a-utopia-brasil/

 

Projeto traz modelo internacional contra inundações para o Rio

Com base no conceito de cidade esponja, projeto aprovado prevê a adoção de soluções que tornam o território urbano mais permeável.

A fim de minimizar os efeitos de eventos climáticos extremos como o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, a Câmara do Rio aprovou durante a sessão ordinária desta quinta-feira (23) o PL 1928/2023, que estabelece o modelo de gestão de inundações e fortalecimento de infraestrutura ecológica e de sistemas de drenagem chamado “Cidade Esponja”, que vem sendo adotado em diversas cidades do mundo, como Nova Iorque e Berlim. A matéria foi aprovada em 1ª discussão com emendas e voltará à pauta para nova votação.

Um dos autores da proposta, o vereador Willian Siri (PSOL) reforçou que o mundo está em um momento de emergência climática e que ao adotar o conceito de “Cidade Esponja”, o Rio de Janeiro se coloca na vanguarda no país. O modelo se baseia na busca pela absorção, captura, armazenamento, limpeza e reutilização da água da chuva como mecanismo sustentável de redução de enchentes e alagamentos.

Vereador William Siri autor do projeto

“A cidade esponja foi conceituada por um arquiteto chinês e justamente faz essa transição, pensa as cidades numa transição do escoamento superficial para absorção. A ideia é que as cidades se tornem permeáveis. Essa cidade esponja está caracterizada pela adoção de jardins de chuvas, tetos verdes, pavimentação drenante, reflorestamento, bueiros ecológicos e valas de infiltração. Esse modelo já é utilizado em Berlim, Nova Iorque e outras grandes cidades”, explicou o parlamentar.

Na justificativa do projeto, que também é assinado pelo vereador Marcos Braz (PL), é apontado que a implementação da ‘Cidade Esponja’ não apenas reduz o risco de inundação, objetivo primordial da proposta, mas também melhora a qualidade da água, ampliando sua disponibilidade, contribuindo para mitigar os efeitos das ‘ilhas de calor’”.

Fonte:https://www.camara.rio/comunicacao/noticias/2180-projeto-traz-modelo-internacional-contra-inundacoes-para-o-rio

Enchentes em Realengo; Surge uma luz no horizonte.

Enchentes em Realengo; Surge uma luz no horizonte.

Rio Águas apresentou ao Movimento SOS REALENGO URGENTE os planos da Prefeitura do RJ contra as Enchentes em reunião no dia 16 de maio de 2024 no Palácio Realengo, ( o Gabinete do Prefeito dentro do Parque Realengo.

Como determinado pelo Prefeito Eduardo Paes, que houvesse uma interação periódica do Presidente da Fundação Rio Águas, Sr. Wanderson José dos Santos, com a comissão do movimento popular de Realengo para que pudessem replicar o que vem por ai.

 

 

ENCONTRO INICIAL E EVOLUÇÃO DOS TRABALHOS:

Reunião com o prefeito

e reunião com Wanderson

 

 

 

Com a palavra Sr. Wanderson

.Em nossa primeira reunião em 7 de março de 2023 e subsequente em 17 de maio de 2023, houve uma definição de prioridades e início das obras menores que foram foco na limpeza e reparos dos rios, com relatórios semanais ao subprefeito. A prefeitura assinou um contrato específico para maquinários para a região da Zona Oeste.

Robson do Chocolate – Subprefeito da Grande Bangu e Wanderson Santos – Presidente da Rio Águas

 

. Com isso conseguimos manutenção constante nas áreas do Gericinó, Catiri e Rio Sarapuí tendo uma maior autonomia e eficiência devido à separação do contrato com a zona norte.

Temos feitos trabalhos em diversas ruas do bairro como na Rua Helianto, Praça do Skate, Rio Caranguejo, Avenida Frederico Faulhaber e Rua André João Antonil e muitas outras, são obras menores, mas significativas para a comunidade local.

 

Mas tínhamos que fazer algo mais significativo que combatesse realmente as enchentes, como temos discutidos com vocês. Inclusive já tínhamos apresentado um projeto com mais intervenções, mas os engenheiros e técnicos da Rio Aguas, chegaram a um consenso deste, não descartando outras futuras intervenções.

Publicação no Diário Oficial do Município

Apresentamos ao Governo Federal e solicitamos uma verba e houve a aprovação de R$ 123.523.319,30 (cento e vinte e três milhões, quinhentos e vinte e três mil, trezentos e dezenove reais e trinta centavos) por parte Governo Federal através do Ministério das Cidades, para projetos em Realengo, conforme publicado no Diário Oficial do Município nº 243, pag. 134, no dia 12 de março de 2024.

. Recursos adicionais da prefeitura, somando mais de R$ 10 milhões anuais para manutenção.

. Planejamento de uso otimizado dos R$ 123 milhões, frente a uma demanda inicial de R$ 300 milhões.

PRIORIDADES E GRANDES INTERVENÇÕES:

. Continuação da obra no Rio Catarino, incluindo extravasor até a linha do trem e as ruas no conjunto IAPI e Vila Nova

. Reformulação do sistema de drenagem na Avenida Santa Cruz e Bernardo de Vasconcelos.

. Obras que priorizam a mitigação de enchentes frequentes e problemas crônicos.

 

RESERVATÓRIOS E MICRODRENAGEM:

Manutenção preventiva

. Projeto de reservatório no Barata, similar ao da Praça da Bandeira, para contenção de enxurradas.

. Foco na melhoria do sistema de microdrenagem, crucial para evitar alagamentos frequentes.

. Consideração futura de outros reservatórios, como na Castelo Branco, dentro das limitações orçamentárias.

 

RESUMO:

 

A reunião destacou os esforços para mitigar enchentes em Realengo através de novos contratos de manutenção específicos, trabalhos de limpeza e reparos de rios, e execução de pequenas obras locais. Com a obtenção de recursos federais e municipais, foram definidos projetos prioritários, como a continuação das obras no Rio Catarino e melhorias no sistema de drenagem das avenidas Santa Cruz e Bernardo de Vasconcelos. O planejamento inclui a construção de reservatório estratégico e a melhoria da microdrenagem, visando a redução de impactos das enchentes frequentes na região.

 

Então é aguardar e fiscalizar o uso dessa verba.

No vídeo o resumo pelo próprio Wanderson

obs: todas as fotos e montagens são de Luiz Fortes.

O Realengo em Pauta acompanha este problema a muito tempo. Relembre.

Rio Catarino descaso que gera tragédias.

Rio Catarino: Desde 2008 prefeitos empurram para o próximo essas obras.

em 2012

O blog Pró Realengo e o Jornal Realengo em Pauta, vieram resgatar uma matéria antiga feita por nós, com relação ao rio Catarino, e estamos com Marcos de Moraes que é o criador e idealizador do movimento popular SOS RIO CATARINO

Entrevista com Marcos de Moraes – rio Catarino

PRÓ REALENGO/REALENGO em PAUTA: Quando começou esse movimento popular?

Marcos de Moraes: em 2008.

PR /RP: Você é morador neste local desde que ano?

Marcos de Moraes: 1962 eu nasci aqui.

PR /RP: Então essa mesma casa, foi a casa que você nasceu, tem toda documentação registro etc.  E sempre dizem que se constroem casas ao lado do rio, aqui é ao contrário, o rio que foi desviando para a sua casa (terreno) cada vez mais perto. Pelas fotos que nós temos em mãos aumentou muito, está comendo boa parte do barranco. O que você pode falar sobre isso?

Marcos de Moraes: Acho que enquanto não tiver uma canalização dos dois lados de preferência ,vai sempre acontecer isso, a agua vem, volta forma um redemoinho e ai não tem contenção e ai ela leva o terreno. Isso aqui já foi pior, já houve época que a água tomou todo o terreno.

PR /RP: Essa limpeza foi recente?

Marcos de Moraes: Tem duas datas…uma em 2012, por causa da ação que eu movi, a prefeitura veio fazer alguma coisa e uma agora recente em março de 2024, eles desassorearam o rio mais depois que choveu, voltou de novo, se deixar com o tempo ele vai crescer de novo vai aumentando.

PR /RP: Essa participação dos moradores do entorno do movimento SOS RIO CATARINO foi qual quantidade de participantes?

quando o terreno tinha espaço para as crianças.

Marcos de Moraes: Na época 50 pessoas.

PR /RP: Eu Luiz Fortes também faço parte do movimento e posso relatar isso: As pessoas vão desistindo as vezes por cansaço, porque vê que o poder público não fazendo o que é obrigação? É por ai?

Marcos de Moraes: Sim, elas vão viver sua vida, quem tá dentro do problema sou eu e a gente aqui dentro, mas quem tá fora vai viver sua vida, apesar que agora enche aqui também nessa avenida. Mas a gente tá dentro do problema a gente vai ficando, vai tentando vai continuando a lutar e ver o que vai acontecer.

PR /RP: Algumas pessoas se mudaram e saíram do movimento?

fotos arquivos particular

Marcos de Moraes: Outras morreram….

PR /RP: Então você falou que todas essas ações, essa participação, culminou num processo. Esse processo foi aberto onde, aberto por quem, explique?                       

Marcos de Moraes: Eu fiz uma denúncia no MP (Ministério Público) e depois de uma vistoria do MP, eles decidiram abrir uma ação civil pública, foi caminhando e toda a vez que a prefeitura era chamada e jugada a ação pública, a prefeitura recorria, ela recorria ….depois desse s anos todos agora em 2021 essa ação civil pública foi para o STF (supremo Tribunal Federal) não cabe mais recursos. A prefeitura dependendo da decisão vai ter que resolver a situação: ou faz ou não faz.

PR /RP: Realengo tem vivido uma expectativa de melhoras em relação a isso, até depois que surgiu um movimento que inclusive leva um nome parecido. SOS REALENGO ENCHENTES. Que inclusive eu também fui convidado a participar. E eles estão cobrando diretamente ao poder público ações, não só aqui no rio Catarino mas em todos os pontos de alagamento em Realengo, na Bernardo de Vasconcelos, na avenida Santa Cruz, lá em cima no Canal da Serra (no Barata). Como é que você vê essa colaboração de um outro movimento agindo junto?

Marcos de Moraes: Eu acho que é sempre valido desde que a população se junte para tentar resolver o problema da população é viável. Muito bom. Mas os resultados perante o poder público

 

eu acho muito pequeno ainda.

PR /RP: Suas considerações finais.

Marcos de Moraes: A expectativa seria que a prefeitura por livre e espontânea vontade, fizesse a obra no rio, mas no rio todo, enquanto fizer de pedaço em pedaço, nunca vai resolver.

cada vez mais o rio avança sem freio – foto Luiz Fortes

PR /RP:  Bem lembrado…essa ação ela não se relaciona só a esse trecho do seu terreno?  Ela é em relação ao rio todo?

Marcos de Moraes: Sim, ao rio todo, tanto é que na ação está lá: Saneamento básico no bairro de Realengo”.

PR /RP: Esse envolvimento levou você a se interessar mais sobre o assunto e você até estudou e se especializou na área ambiental.

Marcos de Moraes: Sim eu até fiz aqui na Castelo Gestão ambiental e depois fiz um MBA de gestão de projetos.

PR /RP: Então você não que r só resolver o seu problema de não derrubar a casa, você quer resolver o problema também ambiental essa é a sua preocupação.

Marcos de Moraes: sim depois do acontecido eu passei a ter mais consciência ambiental.

as reivindicações na mídia.  https://sos-rio-catarino.blogspot.com

Vídeos de 2008…

 

O Pró Realengo e o Realengo em Pauta, acompanham este problema a muito tempo. Relembre.

Rio Catarino descaso que gera tragédias.